Educação

Os desafios para conseguir uma transferência de Escola em Pelotas

Depois de dois anos de aulas remotas, a demanda na Central de Matrículas aumentou 100% e gerou filas e muitos descontentamentos

Jô Folha -

Para aliviar as dores nas pernas e aguentar a longa espera na Central de Matrículas em Pelotas, cadeiras de praia fazem companhia para quem tenta conseguir uma vaga na rede pública de ensino ou transferência de escola. Pais e avós de estudantes têm madrugado em frente ao posto, na rua Andrade Neves, quase esquina Major Cícero. A demora no atendimento tem gerado muita revolta e indignação de pessoas que consideram “desumano” a forma como são tratados. A coordenação municipal e estadual explica que há vagas na rede pública, mas nem sempre é possível atender o educandário preferido. Depois de dois anos de aulas remotas, a demanda por transferências dobrou: do dia 3 de fevereiro até ontem já foram designados 1.206 estudantes. A movimentação na Central aumentou um dia depois do início das aulas no Estado, na segunda-feira, e na véspera das atividades na rede municipal, nesta quarta.

“São duas pessoas para atender toda essa gente”, reclamou uma mãe que estava na fila e não se identificou. Ela conta que já enviou e-mail para [email protected] com a documentação exigida, mas até agora não resolveram o problema e, por isso, decidiu buscar atendimento presencial. Já a avó de Miguel, de quatro anos, diz que o sistema informatizado não funciona. Vaneza Pereira, 50, tenta a transferência do neto, que está em uma escola no Centro da cidade para o Laranjal. Mesmo com ficha de preferência, ela chegou ao posto às 8h e, às 9h10min, não tinha sido atendida. “A prestação do serviço é ineficiente.” No final de semana, o atendimento online foi ampliado para atender o que a coordenação chama de demanda reprimida. Só em e-mails são mais de 20 pedidos por dia.

A cuidadora de idosos Lúcia Elena Gonçalves Souza, 54, dispensou a tecnologia e resolveu ir direto à Central. Chegou às 3h e, cerca de seis horas depois, estava prestes a ser atendida. “Minha filha de 17 anos está no 3º Ano do Ensino Médio, no turno da noite, em uma escola do Centro. Vim aqui tentar uma transferência para o Areal, pois nunca tem ônibus na hora que ela sai do colégio”, revelou a preocupação. Na mesma situação de espera estavam as mães Daniela Britto e Franciele Sampaio. Na fila desde às 4h, ambas querem transferência de escolas para os filhos. Franciele, de Porto Alegre para Pelotas, e Daniela, do balneário Cassino, em Rio Grande. “São só cem fichas por dia. Será que eles (atendentes) não sabem que temos horário de trabalho?” cobrou Daniela.

Entre os desafios de atender a todos os pedidos e respeitar os protocolos sanitários, que não permitem aglomerações, além das cem fichas, 20 são ofertadas a casos prioritários. “Existe uma demanda reprimida, o que gerou um aumento do 100% nos pedidos de transferências”, disse o coordenador de escolas municipais da Central de Vagas, Roger Lemões. Já para novas vagas, o acréscimo pode chegar a 20%, a maioria para o para o Pré-1.” A coordenadora de escolas estaduais da Central, Márcia Velloso Langlois, garante que há vagas para a rede estadual de ensino público, mas não em todas as escolas desejadas. “No período pandêmico, muitas pessoas mudaram de endereço, e com aula remota não teve transtorno com o transporte.

Com retorno presencial, a corrida é para conseguir uma escola no bairro ou aquela que é considerada a melhor para o filho”, observou. Um exemplo citado por Márcia é no Colégio Pedro Osório que abriu 180 vagas para o 1º Ano do Ensino Médio para uma demanda de 700 alunos. “É importante que as pessoas tenham calma, pois há vagas. Se não conseguir a ficha no dia, retorna no outro.” A coordenadora lembra que além do atendimento presencial e por email, têm as chamadas por telefone, que requerem tempo do servidor.
A titular da Secretaria de Educação e Desporto (Smed), Adriane Silveira, explica que a realidade atual é distinta dos anos anteriores de pandemia do coronavírus, já que, em 2020 e 2021, o sistema de ensino remoto não exigia a realização do processo de designação de vagas. Por isso, em 2022, está sendo atendida uma demanda reprimida de três anos.

De volta às aulas

Aproximadamente 30 mil estudantes devem retornar às aulas presenciais a partir de hoje em 90 escolas municipais que abrem as portas para o ano letivo de 2022. Este ainda não é um número fechado, pois os dados só entrarão no sistema no mês de março, quando os totais de matrículas e transferências estarão contabilizados. A Smed prevê que 3.334 professores e 1.545 funcionários entre auxiliares de educação, orientadores educacionais, monitores, secretários de escola, merendeiras e cuidadores estejam de volta às instituições.

Protocolo

O retorno das aulas no formato totalmente presencial, conforme informou a Smed, é devido ao avanço da imunização contra a Covid-19 em Pelotas e acontece seguindo todas as medidas sanitárias de combate ao vírus, como uso obrigatório de máscara de proteção (para crianças entre três e nove anos, o uso será sob supervisão e auxílio de adultos) e uso de álcool gel, água e sabão, além da medição da temperatura dos estudantes, professores e demais trabalhadores da área da educação. Todas as escolas possuem os planos de contingência aprovados pelas Vigilâncias Sanitária e Epidemiológica e pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE-E) Municipal.

Aqueles alunos que, por razões médicas, devem permanecer no ensino remoto precisam apresentar laudo médico comprovando a necessidade de afastamento e serão atendidos por estratégias próprias oferecidas pela rede municipal, que deve garantir o ensino-aprendizagem.
A vacinação não será exigida dos alunos neste primeiro momento do retorno, no entanto, a prefeitura incentiva a imunização das crianças e jovens. Quem estiver com suspeita de infecção pelo coronavírus, deverá ficar isolado e procurar os serviços de saúde. Caso sintomas surjam dentro dos educandários, será isolado em local destinado exclusivamente para este fim.

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